Primeiros socorros

Meu filho foi picado por um animal peçonhento, e agora?

O risco de contato com animais venenosos e peçonhentos sempre existe. Entenda quais são os sintomas e como fazer primeiros socorros em cada caso.

Que criança não gosta de estar ao ar livre, brincando na natureza? E como tudo que fazemos na vida há riscos, é importante manter atenção nesses momentos também.

Ao mesmo tempo que é bom estar em contato com a natureza, estamos constantemente em risco de contato com animais, afinal de contas, a natureza costuma ser o habitat da maioria deles. Contato esse que pode ou não ser agradável, afinal de contas ninguém planeja sair de casa e ser mordido ou picado por algum deles.

Pensando no risco ao contato com animais falaremos um pouco sobre mordeduras e picadas de animais peçonhentos e venenosos e o que fazer nesses casos.

Mas afinal, o que são animais peçonhentos e venenosos? 

Animais peçonhentos e venenosos não são a mesma coisa. Chamamos de peçonhentos os animais que produzem veneno e conseguem injetá-lo através de dentes ou ferrões na sua presa; já os venenosos possuem veneno mas não possuem mecanismo de injetá-lo, em sua maioria fazem através do contato com ele. 

Existem inúmeros tipos de animais peçonhentos e venenosos, porém, os de maior ocorrência no Brasil são serpentes, escorpiões, aranhas, mariposas e suas larvas, abelhas, formigas,  vespas, lacraias, peixes,  etc. Falaremos sobre alguns deles, direcionando o cuidado para cada um, como evitar e tratar caso você seja vítima de algum desses animais.

Cobra Jararacussu (jararaca) - Acidente botrópico

Cobra jararaca

São os acidentes de maior ocorrência, correspondem a 90% dos envenenamentos.

Sintomas: Dor local e edema (inchaço), sangramento no local da picada, podendo ocorrer também em gengivas, nariz e pela urina; equimose (sangramentos “dentro da pele”) causando roxidão local podendo evoluir para necrose (morte do tecido onde foi picado) e em alguns casos insuficiência renal. Em casos mais graves podem ocorrer hipotensão arterial (queda da pressão).

Cobra Surucucu - Acidente laquético 

Cobra surucucu

Possui menor incidência, é característico de locais repletos de florestas. 

Sintomas: Costumam apresentar sinais como no caso acima (acidentes botrópicos), tendo como sinais predominantes a dor e o edema local que podem evoluir para todo o membro afetado, podendo apresentar bolhas nas primeiras horas. 

Podem apresentar ainda náuseas, vômitos, sudorese (suor) de quantidade intensa, hipotensão arterial (queda da pressão), tontura, escurecimento da visão e bradicardia (queda dos batimentos cardíacos). 

Cobra Cascavel - Acidente crotálico

Cobra cascavel

É conhecida como a cobra do chocalho, devido ao barulho emitido pela ponta de sua cauda. Apresenta o maior número de óbitos no Brasil através de sua picada. 

Seu veneno atua inibindo o movimento muscular, o que está diretamente ligado ao seu número alto de óbitos. Uma vez que se não for socorrido em tempo hábil, a pessoa em questão pode evoluir a uma parada cardíaca.

Sintomas: Neste caso, não apresenta dor ao local da picada, nem tão pouco é visível a lesão, apenas sensação de formigamento no local. De imediato apresenta dificuldade em abrir as pálpebras (olhos), sonolência, visão turva ou dupla, dores musculares no corpo, e alteração na coloração da urina (urina escura).

Cobra Coral - Acidente elapídico

Cobra coral-verdadeira

Estão presentes nas florestas mais densas por todo o Brasil. Apesar de sua porcentagem ser menor em número de acidentes, esse tipo de cobra possui o veneno mais potente do país. 

Sintomas: Leve dor no local, visão dupla, queda das pálpebras oculares, paralisia muscular, o que pode interferir diretamente na respiração, podendo evoluir para insuficiência respiratória aguda.

Acidentes por escorpião

Escorpião-amarelo

Estão predominantemente nas áreas tropicais e subtropicais. No Brasil, são considerados escorpiões importantes para saúde pública os do gênero Tityus (escorpião-amarelo, escorpião-marrom, escorpião amarelo do nordeste), sendo destes o escorpião amarelo o que apresenta maior taxa de mortalidade em crianças com idade inferior a 7 anos.

Sintomas: Nos adultos apresentam dor imediata, vermelhidão com leve edema (inchaço), sudorese, náuseas e vômitos. Já nas crianças com idade inferior a 7 anos apresentam sintomas mais graves e requerem administração de soroterapia específica.

Acidentes por aranha

Aranha-marrom

Apresentam maior frequência no verão. No Brasil existem três tipos de aranhas que ocasionam sintomas graves e demandam avaliação médica. São elas: Aranha-marrom (Loxosceles), Aranha armadeira ou macaca (Phoneutria) e Viúva-negra (Latrodectus). 

Normalmente acontecem em ações corriqueiras como ao se vestir ou deitar na cama, levando a uma compressão do animal contra a pele.

Sintomas: Dor no local podendo apresentar hematomas avermelhados que posteriormente podem tornar-se arroxeados e até necrosar (morte do tecido da pele); podem apresentar feridas extensas e profundas; mal-estar, náuseas e vômitos e febre.

Confira o texto sobre como agir caso uma criança seja picada por um inseto.

E agora, como agir quando alguém for picado por um animal peçonhento ou venenoso?

1. Em primeiro lugar, tranquilize a vítima, especialmente se for uma criança.

2. Sempre que possível identifique o animal peçonhento, tire fotos ou leve o animal para a unidade de saúde para que seja avaliado corretamente e administrado soro específico para aquele animal.

3. Mantenha a vítima deitada evitando que se movimente e eleve o membro picado.

4. Retire adornos como anéis, cordões e pulseiras que possam comprometer a circulação.

5. Lave o local com água e sabão, somente quando isso não comprometer a saúde da vítima. Lembre-se que a prioridade é o atendimento médico e nesses casos o tempo é crucial.

6. Encaminhe a vítima o mais rápido possível ao hospital mais próximo, preferencialmente sem que ela se movimente, evitando que o veneno espalhe rapidamente pelo corpo.

7. Comunique os familiares.

E o que não fazer nesses casos?

1. Não faça torniquetes nem amarre o local da picada. Isso impede a circulação sanguínea local, podendo levar a necrose (morte do tecido) e ainda não impede o veneno de se espalhar.

2. Não corte o local. Alguns venenos podem causar hemorragias, e um corte poderá aumentar a perda de sangue, agravando o quadro de saúde.

3. Não chupe o local para retirada do veneno. Não é possível retirar o veneno após o mesmo entrar em contato com a corrente sanguínea e corporal. Além disso, colocar a boca no local da picada pode trazer infecções para o local da picada.

4. Não coloque folhas, pó de café ou qualquer outra substância. O tratamento para esses casos é hospitalar, e precisa ser administrado soroterapia. A utilização desses materiais apenas compromete a lesão aumentando o risco de infecção.

Conclusão

Não podemos garantir que jamais nos encontraremos com um desses animais, afinal quanto maior o contato com a natureza, maiores os riscos. 

Então sempre que conduzir uma criança a um local propício para esse tipo de ocorrência, tome algumas medidas de precaução, como instruir a criança a utilizar calçados fechados e de preferência de cano alto. 

Além disso, sempre é bom verificar sapatos antes de calça-los, a roupa de cama antes de deitar, etc. Sendo assim, a chance de sermos vítimas desses animais se torna bem menor. Medidas simples podem tornar o nosso passeio e das crianças mais seguro e livre de possíveis danos!

Não se esqueça, em caso de qualquer acidente, vá imediatamente ao hospital. Na dúvida, procure o serviço de saúde.

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Escrito por
Patrícia Esteves

Enfermeira cursando MBA em cuidados ao paciente grave, Patrícia possui seis anos de experiência em atendimento hospitalar e atenção básica, com iniciativas de orientação em saúde nas escolas através de ministração de palestras e oficinas.

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