Saúde mental

Transtorno do Espectro Autista (TEA): o que é, causas e tratamento

O autismo não é uma doença. É uma maneira única de experimentar o mundo, variando amplamente entre cada indivíduo. E por isso o atualmente se define como dentro de um espectro. Conheça mais detalhes e cuidados em nosso artigo.
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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição complexa de neurodesenvolvimento, destacada por desafios em interação social, comunicação e por comportamentos repetitivos. 

Mas é crucial entender: o autismo não é uma doença. É uma maneira única de experimentar o mundo, variando amplamente entre cada indivíduo. E por isso o atualmente se define como dentro de um espectro.

As características do TEA acompanham a pessoa desde a infância até a vida adulta, e podem se apresentar em maior ou menor grau dependendo de sua intensidade. 

Os primeiros sinais 

Os sinais mais determinantes estão relacionados à comunicação e à interação social e podem aparecer desde bebês.

Os bebês podem desde muito cedo apresentar poucas expressões faciais, baixo contato visual e pouca interação com as pessoas.  O sorriso do bebê em reação ao rosto conhecido ou a estimulação de outra pessoa pode ser um dos primeiros sinais.

Não reagir a interações, não olhar na direção de alguém quando ouve chamar seu nome, não balbuciar sons como “ mama” e “ dada”, não olhar na direção do que uma adulto aponta - chamado de olhar compartilhado também podem ser alguns indícios. 

À medida que vão crescendo outros sinais podem se apresentar tais como: atraso da fala, ausência de pronunciar as primeiras palavras, não bater palmas ou dar tchau e nem imitar alguém. Se manifestam também na escola, no grupo social e em todos os contextos que ela participa.

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Algumas características comuns na interação social:

  • Não olhar nos olhos ou evitar olhar nos olhos;
  • Não sorrir quando alguém sorrir para a criança, ou sorrir pouco;
  • Não se permitir ou evitar abraçar ou beijar;
  • Ter dificuldade em fazer amigos;
  • Ter dificuldade em se relacionar com outras crianças, preferindo ficar sozinho; e
  • Não solicitar ajuda para fazer o que deseja ou expressar o que sente etc.

Algumas características comuns na dificuldade de comunicação:

  • Não fazer uso da linguagem verbal;
  • Falar pouco e às vezes de forma difícil de ser entendida.
  • Repetir frases e palavras várias vezes; ou pedaços de palavras, principalmente falas de filmes ou trecho de músicas;
  • Não compreender gestos e expressões faciais, metáforas e  figuras de linguagem;
  • Não entender piadas, ditados populares ou sarcasmo;
  • Deixar de responder ou demorar a responder quando chamado; e
  • Manter um tom de voz monótona.

Algumas características comuns em relação a alterações comportamentais:

  • Não ter medo de situações perigosas, como atravessar a rua sem olhar para os carros, ou chegar perto de animais perigosos, como cães de grande porte;
  • Ficar muito agitado e aborrecido com pequenas mudanças na rotina ou no ambiente;
  • Ter muito interesse por algo muito específico, como a roda de um carrinho ou a asa de um avião;
  • Fazer movimentos repetitivos, como bater as mãos, sacudir os dedos ou balançar o corpo para frente e para trás, principalmente se estiver feliz, ansioso ou triste;

Quais as possíveis causas?

Pesquisas apontam uma combinação de fatores genéticos e ambientais, como responsáveis pelo TEA. Porém, hoje em dia, os especialistas consideram que a contribuição dos fatores genéticos esteja ao redor de 90%.

Diagnóstico

O diagnóstico é exclusivamente clínico. 

Ele é realizado através de anamnese com a família, questionários respondidos por quem convive com a criança e observação da criança. 

É importante lembrar que quanto mais cedo a criança receber o diagnóstico e iniciar tratamento, maiores são as chances de mudanças de comportamento e do aumento de autonomia e funcionalidade para o seu futuro.

Tratamento e  cuidados com a criança

O tratamento de crianças com TEA é multi e interdisciplinar. Deve ser realizado conjuntamente pelo psiquiatra, neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional especializado, nutricionista e terapeuta de família. O tempo de acompanhamento e os profissionais envolvidos nesse tratamento depende de cada criança e de como se apresenta o TEA. 

É muito importante que sejam trabalhados os aspectos emocionais visando acolher as dificuldades e sofrimentos observados e manifestados pela criança e pela a família. 

Para a criança/adolescente que apresenta TEA, é fundamental a aceitação e a atuação da  família, da  escola e da  comunidade a que ele está inserido. É importante que a rede de apoio saiba das suas características, habilidades e dificuldades e que sejam respeitadas e acolhidas. 

O diagnóstico e a intervenção precoce são, juntos,  a melhor forma de contribuição à uma criança que apresenta TEA.

médica e criança sorrindo fazendo atividades cognitivas

Família e escola

A parceria e a confiança entre a família e a escola se tornam um diferencial positivo na vida de uma criança portadora de TEA. 

A escola precisa conhecer as particularidades daquela criança para que possa oferecer melhores formas de contribuir com a aprendizagem, autonomia e sua adaptação social. Parte dessa contribuição diz respeito a uma constante capacitação dos profissionais que lidam com esses alunos para que todos sejam capazes de acolher e manejar todas as situações que possam, porventura, surgir. 

Algumas vezes, as crianças podem apresentar agitação motora, mudanças abruptas de comportamento e os profissionais precisam saber manejar para preservar tanto a criança como todos à sua volta. 

Dessa forma, a escola poderá acompanhar mais de perto e discutir com os profissionais que assistem a criança sobre os métodos eficazes para cada criança e as necessidades do aluno. 

Além de olhar as especificidades do aluno com TEA, a escola precisa ensinar às turmas e à Comunidade Escolar a melhor forma de acolher e incluir esse aluno. Ou seja, é necessário um trabalho inclusivo para toda a escola.

O objetivo da parceria e do engajamento da Comunidade Escolar é estimular o desenvolvimento do estudante, desenvolvendo suas habilidades e minimizando os entraves ocasionados pelo TEA, para que nossas crianças e jovens tenham uma vida saudável. 

Escrito por
Cristina Marques

Formada em Psicologia pela PUC-RJ, especialista em saúde mental infantojuvenil pelo IPUB/UFRJ, mestre e especialista em terapia de familia pela PUC/RJ. Atuou como Orientadora Educacional por 9 anos em escola privada no Rio de Janeiro, e possui mais de 20 anos de experiência clínica com crianças, adolescentes, adultos e famílias. Atualmente coordena a área de Saúde Mental aqui na Coala.

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