Saúde mental

Saúde mental na adolescência: qual o papel da escola (e da família)?

Olhar para a saúde mental de adolescentes e jovens é essencial. Essa fase da vida é marcada por rápidas mudanças e desenvolvimentos físicos, emocionais e sociais, que podem ser desafiadores e às vezes sobrecarregantes. Sem o suporte adequado, esses desafios podem levar a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Nesse contexto, como escolas e famílias podem oferecer o suporte adequado a esses adolescentes? É sobre isso que vamos falar neste artigo!
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A adolescência é uma fase de transição entre a infância e a vida adulta, marcada por diversas transformações físicas, emocionais e sociais. 

É um período importante na vida dos jovens e de suas famílias. Nesse momento, os adolescentes desenvolvem com mais autonomia parte do seu próprio caminho, e é um desafio para todos os que convivem com essa faixa etária.

O principais sinais da adolescência

  • Mudanças físicas corporais: aumento da altura, ganho de peso, desenvolvimento dos órgãos sexuais e surgimento de características sexuais secundárias (como o crescimento de pelos e alteração da voz).
  • Mudanças emocionais: variações de humor, irritabilidade, impulsividade, sensibilidade emocional e introspecção.
  • Desenvolvimento da identidade pessoal: questionamentos sobre si mesmo, seus valores, crenças e objetivos de vida.
  • Maior independência e autonomia: em relação aos pais e responsáveis.
  • Intensificação das relações sociais: busca por aceitação e pertencimento em grupos de amigos e enfrentamento de questões relacionadas à intimidade e sexualidade.
  • Pressão social e cultural: para atender a padrões estéticos e de comportamento, podendo levar a conflitos internos e problemas de autoimagem.
  • Decisões importantes: sobre educação, profissão e vida pessoal que podem influenciar o futuro.
  • Conflitos com autoridades e regras estabelecidas: como os pais, professores e figuras de autoridade.
  • Necessidade de apoio e orientação: de adultos como pais, professores, profissionais de saúde e psicólogos para lidar com as mudanças e desafios da adolescência.

Estudos apontam que adolescentes têm apresentado maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de problemas relacionados à saúde mental. Os transtornos de ansiedade e depressivos são os mais prevalentes nessa faixa etária, sendo mais frequentes entre os adolescentes mais velhos. 

Sendo assim, é fundamental que pais, familiares e as comunidades escolares estejam preparados para atender e compreender as demandas de um público diverso, plural e que carrega questões muito particulares agravadas e marcadas pela exposição excessiva das redes sociais e do uso de dispositivos móveis.

Por isso, neste artigo vamos falar sobre o papel da escola e da família na saúde mental de adolescentes

O papel da escola na saúde mental de adolescentes

A escola desempenha um papel muito importante na adolescência, pois é um ambiente onde os adolescentes passam grande parte do seu tempo e onde adquirem conhecimentos e habilidades essenciais para o seu desenvolvimento.

Além de transmitir conhecimento acadêmico, a escola também tem a responsabilidade de ajudar os adolescentes a desenvolver habilidades sociais, emocionais e éticas, que são fundamentais.

  • A escola também desempenha um papel importante na formação da identidade dos adolescentes, ajudando-os a descobrir seus interesses, competências e valores. Lá é, ainda, é um espaço onde os adolescentes podem interagir com colegas, professores e outros profissionais, o que contribui para o desenvolvimento social e emocional.
  • É importante que a escola proporcione um ambiente seguro, acolhedor e inclusivo para os adolescentes, onde eles se sintam motivados a aprender e a se desenvolver de forma plena. 
  • A escola também deve contribuir para a promoção da saúde mental e do bem-estar dos adolescentes, oferecendo apoio e encaminhamento psicológico e emocional quando necessário.

Em resumo, o papel da escola na adolescência vai além da transmissão de conhecimentos acadêmicos, incluindo a promoção do desenvolvimento integral dos estudantes e a preparação deles para enfrentar os desafios da vida adulta. 

Um posicionamento fundamental é o controle do uso de dispositivos móveis dentro da escola e o desenvolvimento das competências socioemocionais como norteador da preparação da vida adulta dos jovens.

O papel da família na saúde mental de adolescentes

Durante essa fase, a família é responsável por fornecer apoio emocional, orientação, limites e suporte para o adolescente.

A família é o principal ambiente onde o adolescente desenvolve sua identidade, valores, crenças e habilidades sociais. É através das interações familiares e sociais que o adolescente aprende a lidar com suas emoções, a resolver conflitos, a comunicar-se de forma eficaz e a construir relacionamentos saudáveis.
Mesmo com mais autonomia, o adolescente, ainda precisa de instrução, supervisão e apoio para seu desenvolvimento subjetivo rumo à independência. 

  • A família é responsável por estabelecer limites e regras claras, que ajudam o adolescente a desenvolver disciplina, responsabilidade e autonomia. É importante que os pais estejam presentes e engajados na vida dos adolescentes, mostrando interesse por suas atividades, preocupações e desafios. 
  • É fundamental que a família promova um ambiente de diálogo aberto, onde o adolescente se sinta seguro para expressar seus pensamentos, sentimentos e dúvidas.  Os pais devem estar disponíveis para ouvir, aconselhar e apoiar seus filhos, oferecendo orientação e encorajamento durante essa fase de descobertas e transformações. 
  • A comunicação aberta e honesta é fundamental para fortalecer o vínculo entre pais e filhos nessa fase. Estar sempre receptivo para ouvir o que seu filho tem a dizer e conversar sobre temas importantes, como sexualidade, drogas, bullying, entre outros é fundamental. Estar presente e mostrar interesse pela vida do adolescente mesmo que ele não seja tão receptivo é um desafio de resiliência para a família.  
  • É importante que os adultos estejam atentos a possíveis sinais de problemas emocionais, como depressão e ansiedade e possam recorrer a ajuda especializada em caso de necessidade.

Em resumo, o papel da família na adolescência é fundamental para o desenvolvimento saudável e equilibrado dos jovens, promovendo o fortalecimento dos laços familiares, a construção da autoestima e a preparação para a vida adulta. 

A presença, o apoio e a escuta dos pais são essenciais para ajudar os adolescentes a enfrentar os desafios e as dificuldades desse período de transição. Porém é importante lembrar que presença e apoio também se faz presente quando se diz NÃO, quando se frustra um filho apontando um limite real, quando convoca um adolescente à sua responsabilidade e ao seu papel no espaço e no mundo.

Sim, uma tarefa difícil e muito delicada para todos que lidam com essa faixa etária mas se faz primordial a troca de experiências e de informações, sempre.

IMPORTANTE: Cada adolescente é único e enfrenta desafios específicos. Esteja presente para apoiar e orientar seu filho durante essa fase de descobertas e aprendizados, e lembre-se de que, mesmo com todas as mudanças que mobilizam todos os envolvidos, o amor, interesse e o apoio dos pais são fundamentais.

A saúde mental dos adolescentes é um tema essencial. Compartilhe esse artigo com pais, professores e toda comunidade escolar!

Referências:

  • Estanislau, G. M.; Bressan, R. A. Saúde Mental na Escola: o que os educadores devem saber.São Paulo: Artmed, 2014.
  • DOLTO, Françoise. A Causa dos Adolescentes. São Paulo: Editora Ideias e letras, 2008
  • CARTER, B & McGOLDRICK, M. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para terapia familiar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

Escrito por
Cristina Marques

Formada em Psicologia pela PUC-RJ, especialista em saúde mental infantojuvenil pelo IPUB/UFRJ, mestre e especialista em terapia de familia pela PUC/RJ. Atuou como Orientadora Educacional por 9 anos em escola privada no Rio de Janeiro, e possui mais de 20 anos de experiência clínica com crianças, adolescentes, adultos e famílias. Atualmente coordena a área de Saúde Mental aqui na Coala.

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