Doenças e sintomas da infância

O que é a obesidade infantil e qual o papel da escola

A obesidade infantil é um dos principais problemas de saúde pública da atualidade. Família, comunidade e escola devem se unir para combater e prevenir essa condição. Confira como!

Você sabia que uma a cada três crianças no Brasil, entre 5 a 9 anos, tem sobrepeso? Os hábitos alimentarem vêm sofrendo mudanças drásticas ao longo dos tempos, contribuindo para o desenvolvimento de diversas doenças.

Segundo a OMS, a obesidade é identificada como um dos principais problemas de saúde pública do século, devido ao seu alcance mundial englobando todas as idades e ambos os sexos. 

Além disso, ela é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis, como diabetes, hipertensão, ansiedade, depressão, entre outras.

Por isso, é necessário entender a complexidade desse problema e saber como atuar para a prevenção e o tratamento. Vamos entender?

A obesidade infantil no mundo

A  alimentação é um processo complexo cujo significado é permeado por fatores que extrapolam a simples necessidade de nutrir. A essência da alimentação e os significados que assume em cada contexto histórico são amplamente influenciados por valores culturais e sociais. 

É estimado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que, até 2025, o número de crianças obesas no planeta será em torno dos 75 milhões. 

Registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que uma em cada três crianças de 5 a 9 anos no país tem sobrepeso. 

Os hábitos alimentares vêm sofrendo mudanças drásticas ao longo dos tempos, auxiliando para o desenvolvimento de diversas doenças. Passamos por um processo de transição nutricional, de elevada prevalência da desnutrição para o constante aumento de peso levando as pessoas de todas as idades ao sobrepeso e à obesidade.  

Ao longo dos anos, a oferta de alimentos processados, junk foods, falta de tempo para refeições controladas e recentemente, as modificações nos hábitos de vida  que ocorreram com a pandemia do COVID- 19, no que tange à restrição de atividades, alterações da dinâmica alimentar e aumento do tempo de utilização de eletrônicos, contribuíram para um balanço energético positivo e consequentemente, para maior possibilidade de surgimento ou agravamento de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes. 

Ainda segundo a OMS, a obesidade é identificada como um dos principais problemas de saúde pública do século, devido ao seu alcance mundial  englobando todas as idades e ambos os sexos. 

Está diretamente relacionada como sendo um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (doenças cardiovasculares, neoplasias, obesidade, diabetes, hipertensão, apneia do sono, doenças imunológicas, dificuldade para dormir, ansiedade, depressão, entre outras).  

Como definir a obesidade?

A obesidade pode ser definida e classificada como o acúmulo de tecido gorduroso, localizado em todo o corpo, causado por doenças genéticas, endócrino – metabólicas ou por alterações nutricionais. 

Pode ter início em qualquer época da vida, mas seu aparecimento é característico especialmente no primeiro ano de vida, entre cinco e seis anos de idade e na adolescência. Porém, deve ser considerada e exigir uma atenção especial em qualquer fase da vida.

Quais são os efeitos da obesidade infantil?

A obesidade infantil está diretamente associada à obesidade adulta. Crianças com sobrepeso têm 55% de chance de se tornarem adolescentes obesos e 80% de chance de serem adultos obesos, além de serem mais propensas a desenvolver doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em idade mais jovem do que as crianças que não têm excesso de peso. 

O excesso de peso em crianças e adolescentes pode estar associado a um comprometimento na saúde mental, desempenho escolar reduzido, impacto desfavorável na qualidade de vida, isolamento social, transtornos alimentares, estigmatização e reduzida autoestima tendo influência, assim, das atitudes parentais, do sedentarismo, do padrão nutricional e do estresse familiar.

Fatores que podem desencadear o sobrepeso e a obesidade infantil:

  • Genética familiar;
  • Desmame precoce; 
  • Introdução alimentar inadequada;
  • Dieta familiar inadequada, com baixa ingestão de  frutas, verduras e legumes e grande ingestão de bebidas açucaradas, alimentos ultraprocessados ricos em sódio, gorduras saturadas e açúcares;
  • Rotina alimentar familiar inadequada;
  • Sedentarismo,
  • Aumento ao tempo de exposição à telas de tv e celulares;
  • Fatores emocionais como  ansiedade, estresse e distúrbios do sono;
  • Propaganda (mídia) como indutor ao consumo de determinados tipos de alimentos com alto teor de gorduras, sódio e outras substâncias nocivas à saúde. 

Como tratar a obesidade infantil?

O primeiro passo a ser tomado, é a realização de uma avaliação do estado nutricional da criança, incluindo aspectos psicológicos e emocionais. 

Em seguida, deverá ocorrer uma mudança do comportamento alimentar da família. No atual contexto de aumento de consumo de produtos industrializados e diminuição no consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, as estratégias alimentares são: 

  • Buscar o balanço energético e o peso saudável
  • Limitar o consumo de gorduras saturadas, sal, ultraprocessados ricos em sódio e açúcar (refinado, doces, guloseimas, biscoitos recheados) 
  • Aumentar o consumo de frutas, verduras e legumes, cereais integrais e oleaginosas assim como fontes de proteínas adequadas

Também é importante que seja realizada uma avaliação da percepção dos pais de crianças com sobrepeso e obesidade, quanto ao estado nutricional e status de peso de seus filhos. Existe uma percepção equivocada ou imprecisa do status de peso das crianças por seus pais, que pode comprometer o acompanhamento e intervenção precoce com profissionais especializados, portanto, é importante a conscientização dos pais a fim de reduzir as comorbidades futuras da obesidade.

É importante que ocorra um Incentivo à prática de atividade física. Atualmente, a maioria das pesquisas realizadas têm sido focadas na diminuição do tempo gasto em frente às telas (televisão, videogame e computadores) e redução do comportamento sedentário com incentivo à prática de atividade física. 

Por fim, a Escola deve ter o papel de promover atividades de educação nutricional. Existem evidências de que a melhor forma de controle da obesidade infantil baseia-se na intervenção primária, focada na prevenção e proteção à saúde por meio de programas educativos, tendo o ambiente escolar e o convívio familiar como os principais norteadores deste desfecho. 

Tais intervenções devem centrar-se na mudança deste comportamento, buscando orientar não só o público infantil, mas também seus familiares que, de certa forma, possuem influência direta na mudança de hábitos de vida, seja no fator sedentarismo bem como na alimentação inadequada.

Qual o papel da escola na obesidade infantil?

A escola é um dos espaços de proteção social mais propícios e prioritários para a promoção de hábitos saudáveis e combate ao excesso de peso, por caracterizar-se como um espaço de formação e potencialização de hábitos e práticas, no qual as pessoas passam grande parte do seu tempo, vivem, aprendem, trabalham e formam valores e hábitos que se perpetuam por toda a vida e desta forma tem um importante papel no enfrentamento da obesidade.

Se a obesidade entre crianças e adolescentes é resultado de uma série complexa de fatores genéticos, individuais, comportamentais e ambientais que atuam em múltiplos contextos: familiar, comunitário, escolar, social e político, para a prevenção e atenção à obesidade, além do apoio aos indivíduos por meio de abordagens educativas e comportamentais, é fundamental a adoção de medidas para reverter ambientes obesogênicos (promotores da obesidade), o ganho de peso excessivo e consequente obesidade. 

É essencial que gestores, educadores, profissionais de saúde, famílias e comunidade unam-se para atuar em conjunto nas múltiplas causas da obesidade infantil. 

Podemos concluir que a obesidade infantil é um desafio de todos, e que merece a atenção por meio de ações diversas, multidimensionais e intersetoriais. 

Referências

BRASIL. Cadernos de Atenção Básica, n. 12. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006; 108p.

BRASIL. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013; 84p.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p.73292-73302 jul. 2021  ISSN: 2525-8761 

FISBERG, M. (1995). Obesidade na Infância e Adolescência. São Paulo: Fundação BYK. 

SICHIERI R, SOUZA RA. Estratégias para prevenção da obesidade em crianças e adolescentes. Cadernos de Saúde Pública, 2008; 24 Suppl 2:S209-34. 

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Obesidade na infância e adolescência: Manual de Orientação. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. 3ª. Ed. São Paulo: SBP, 2019. 236p.

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Escrito por
Luciana Pereira

Nutricionista com MBA em Gestão Pedagógica, Luciana possui 26 anos de experiência em alimentação escolar atuando como nutricionista de creches e escolas do RJ, como a rede de ensino CEL e o Colégio Franco Brasileiro.

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