Saúde mental

Mudança de turma: desafios e soluções

O processo de mudança de turma pode ser desafiador para crianças, adolescentes, professores e famílias, devido à quebra de amizades estabelecidas e à necessidade de se ajustar a novos colegas e ambientes. Essa transição pode gerar inseguranças e frustrações, mas é importante dar tempo para que as novas relações se desenvolvam. A escola desempenha um papel crucial na promoção de um ambiente saudável, implementando dinâmicas de convivência e envolvendo as famílias nesse processo. Confiança na escola e nas decisões tomadas é fundamental para garantir o bem-estar dos alunos durante essa transição.
crianças se divertindo na escola em momento de descontração após mudança de turma

O processo de mudança de turma no início das aulas, muitas vezes, é um momento desafiador para crianças, adolescentes, professores e as famílias. Alguns estudantes e famílias possuem amizades para além dos muros da escola, afinidades e o afastamento que a mudança de turma gera pode ser um detonador de algumas inseguranças e questionamentos. Outras famílias podem estar passando por alguma situação mais delicada e preferiam não mexer emocionalmente com um integrante do grupo familiar. Alguns alunos ou alunas, por sua vez, podem ter mais resistência às mudanças e precisarem de mais tempo para administrar os sentimentos despertados pelas transições da idade, das exigências escolares, do retorno das férias, que acontecem ao mesmo tempo dos novos professores e também da surpresa do novo grupo de pares das turmas.

Muitas famílias e seus filhos ficam mexidos com essa “desorganização” do já era conhecido e muitas vezes, a mudança de turma se torna um grande problema cercado de sofrimento, frustração, inúmeros pedidos de retorno ao grupo anterior, ausências, mudanças de humor, irritabilidade, dentre outras. Mesmo compreendendo os sentimentos dos estudantes, sugerimos a atenção e a reflexão sobre alguns pontos sobre o tema tanto em casa como dentro do ambiente escolar:

crianças na sala de aula na escola

Dar tempo para as relações acontecerem

É fundamental que haja paciência tanto das crianças em construir as relações como da família em suportar o tempo de frustração e angústia que essa construção leva. 

É necessário um tempo para que o estudante possa conhecer e ser conhecido pelos pares. Quando os estudantes têm a oportunidade de se conhecerem e estabelecerem conexões, as trocas acontecem, a frustração diminui e as relações acontecem. Relacionamentos não são construídos da noite para o dia; eles necessitam de tempo e interações diárias.

Dinâmicas de Convivência

A escola desempenha um papel fundamental na promoção de um ambiente saudável. Implementar dinâmicas de convivência é essencial para otimizar as interações entre os novos colegas e criar a conexão que esperamos com a troca de alunos entre turmas. As atividades podem incluir jogos, grupos de discussão ou projetos em equipe, incentivando a colaboração e a compreensão mútua. 

Por isso é importante ter calma para que a escola possa ter tempo de trabalhar como se propõe e conseguir bons resultados para todos os alunos ou para a maioria deles nesse período de adaptação.

Parceria com as Famílias

É importante envolver as famílias nesse processo. O momento da troca dos alunos de turma pode ser visto como um enorme ganho social para os alunos, uma oportunidade de lidar com o diferente e com as diversidade que a vida apresenta e deixar claro que nem sempre é possível escolhermos as pessoas com quem convivemos, ensinando aos filhos que lidar com diferentes personalidades é uma habilidade valiosa para o crescimento e experiências futuras. 

A escola e a família podem trabalhar juntas para desenvolver essa competência emocional dos estudantes.

Confiar na Escola

Se entendermos que  os estudantes estão na escola muitas horas do dia e que os profissionais que os acompanham os conhecem muito bem, esforçando-se para os compreenderem subjetiva e academicamente, precisamos confiar na tomada de decisão da escola escolhida. Ou seja, estudantes e as famílias precisam entender e acreditar que a escola identifica as necessidades individuais de cada aluno criando um ambiente propício ao aprendizado e ao bem-estar.

Escrito por
Cristina Marques

Formada em Psicologia pela PUC-RJ, especialista em saúde mental infantojuvenil pelo IPUB/UFRJ, mestre e especialista em terapia de familia pela PUC/RJ. Atuou como Orientadora Educacional por 9 anos em escola privada no Rio de Janeiro, e possui mais de 20 anos de experiência clínica com crianças, adolescentes, adultos e famílias. Atualmente coordena a área de Saúde Mental aqui na Coala.

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