Introdução alimentar é a fase em que outros alimentos são introduzidos na dieta dos bebês para complementar o aleitamento materno.
É muito importante que essa período seja acompanhado pelo médico pediatra, porém, sabemos que muitas dúvidas podem surgir no decorrer do processo e queremos mostrar que é possível descomplicar a introdução alimentar.
Nesse texto você, papai ou mamãe, vai aprender sobre o que é a introdução alimentar e sua importância, como ela deve ser feita, métodos, alimentos que devem ser oferecidos de acordo com cada idade e grupo alimentar, dicas do que comprar e também do que não faz.
Vamos lá?
O que é introdução alimentar?
A Introdução alimentar é a fase em que outros alimentos (sólidos, semi sólidos ou líquidos) são introduzidos na dieta dos bebês para complementar o aleitamento materno. Ela pode influenciar o estado nutricional atual da criança e as preferências alimentares na fase adulta.
A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde é que a criança seja amamentada já na primeira hora de vida e por 2 anos ou mais em livre demanda.
Nos primeiros 6 meses, a recomendação é que ela receba somente leite materno. Quando isso ocorre, dizemos que a criança está em amamentação exclusiva. Nenhum outro tipo de alimento necessita ser dado ao bebê enquanto estiver em amamentação exclusiva: nem líquidos, como água, água de coco, chá, suco ou outros leites.
Mesmo em regiões secas e quentes, não é necessário oferecer água às crianças alimentadas somente com leite materno, pois ele possui toda a água necessária para a hidratação nesse período. Em dias quentes, a criança poderá querer mamar com mais frequência para matar a sede.
Nos primeiros dias, a produção de leite é pequena, mas suficiente para atender as necessidades da criança recém-nascida. Este leite é chamado de colostro. Ele é um leite especialmente produzido para os bebês dessa idade; têm mais proteínas e é rico em anticorpos e outras substâncias que ajudam a criança na proteção contra doenças.
A quantidade de leite que a mãe produz depende principalmente do quanto de leite está sendo consumido pela criança ou retirado da mama.
Todo o leite materno é adequado, possuindo calorias, gorduras, proteínas, vitaminas, água e outros nutrientes essenciais na dose certa para o crescimento e o desenvolvimento adequado das crianças. O leite materno nunca é fraco.
Existem alguns casos em que o aleitamento materno não é recomendado, como em casos de mãe portadora de HIV ou demais impossibilidades de amamentação. Nesses casos específicos, é recomendado o uso de fórmula para alimentação do bebê. Por isso, é fundamental o acompanhamento com médico pediatra de sua confiança.
Por que a introdução alimentar deve ocorrer somente aos 6 meses de idade?
Nessa idade a criança não apresenta mais o reflexo de protusão da língua, que facilita a ingestão de alimentos semi-sólidos. Além disso, as funções gastrointestinais e renais do bebê já estão mais amadurecidas.
Também é nessa fase que ocorre a maturidade fisiológica e neurológica e a criança já consegue sustentar o pescoço, facilitando a alimentação oferecida por colher.
Por fim, a partir de 6 meses, ocorre um aumento nas demandas de ferro e zinco, além de proteínas e vitamina A, que começam a não ser alcançadas pelo aleitamento materno exclusivo. Portanto, a criança precisa receber alimentos fontes destes nutrientes com a Introdução Alimentar.
Como deve ser feita a introdução alimentar?
A introdução alimentar deve ser realizada de forma lenta e gradual. No início, a criança deverá receber a comida amassada com garfo. Em seguida, deve-se evoluir para alimentos picados em pedaços pequenos, raspados ou desfiados, para que a criança aprenda a mastigá-los.
Também podem ser oferecidos alimentos macios em pedaços grandes, para que ela pegue com a mão e leve à boca. Quando já estiver um pouco maior, a criança pode comer a comida da família, cortando-se os pedaços grandes, quando necessário.
A imagem a seguir mostra exemplos de refeições com consistências diferentes por idade da criança.
Quando a criança começa a comer outros alimentos, costuma aceitar pouca quantidade, o que pode gerar ansiedade na família. É possível, ainda, que a criança apenas experimente os alimentos. Não se preocupe! Lembre-se de que é tudo novidade para ela.
À medida que ela cresce e se desenvolve, essa quantidade aumenta gradativamente. É preciso respeitar o tempo e a individualidade da criança. Lembre-se que enquanto ela estiver passando por essa fase, o leite materno ainda é o principal alimento.
Alguns acontecimentos comuns a esta fase podem interferir temporariamente na aceitação dos alimentos, como o nascimento dos dentes, a separação da mãe por longos períodos e a ocorrência de doenças.
Além disso, tenha em mente que nem sempre a criança aceita o alimento na primeira vez que ele é oferecido.
A hora da comida é um momento de estímulo ao desenvolvimento
O momento da refeição é fundamental ao desenvolvimento alimentar dos bebês. Desde as primeiras refeições, é recomendado aos pais que estimulem a criança a ser participativa na hora de se alimentar. Crianças gostam de desafios e de atividades que testem suas habilidades.
Fazer as refeições à mesa incentiva que seu filho experimente novos alimentos, além do contato íntimo com a família e reforço de laços. Proporcione um ambiente calmo e tranquilo para a criança comer. Não é recomendado prender a atenção deles com telas, desenhos e coisas do tipo.
Não se esqueça de que, além do paladar, a oferta de novos alimentos também envolve o tato. O uso das mãos é fundamental para o desenvolvimento de diferentes habilidades, como tocar o próprio corpo, pegar objetos, senti-los e soltá-los. Deixe-a usar as mãos para pegar a colher.
Quais alimentos devo dar à criança?
Vamos aprender como introduzir os alimentos em cada idade?
Aos 6 meses de idade:
Aos 6 meses, os novos alimentos devem complementar o leite materno e não o substituir. Nesta idade, a criança deve começar a receber três refeições, que podem ser:
- Almoço (ou jantar) e dois lanches; ou
- Almoço, jantar e um lanche
Grupos de alimentos
Nos lanches, recomenda-se que sejam oferecidas frutas da época, complementando o leite materno.
Já no almoço ou jantar, devem ser incluidos os seguintes grupos de alimentos:
- Um alimento do grupo dos cereais, raízes ou tubérculos, como arroz, batata, batata doce, inhame, macarrão, aipim, etc
- Um alimento do grupo dos feijões ou grãos, como feijão, lentilha, soja, ervilha, grão de bico, etc
- Um ou mais alimentos do grupo dos legumes e verduras, como folhas verdes, abóbora, beterraba, quiabo, tomate, cenoura, etc
- Um alimento do grupo das carnes e ovos, como frango, peixe, boi, pato, vísceras ou miúdos, codorna, ovos, etc
Não há regra sobre qual refeição iniciar primeiro. O importante é que, ao completar sete meses, a criança já esteja recebendo três refeições.
Bônus: Método BLW
À medida que a criança for aceitando a nova alimentação, ofereça as frutas em pedaços e inteiras.
Esse método é conhecido como BLW, sigla para baby-led weaning (desmame guiado pelo bebê). Assim, ele mesmo se alimenta de acordo com a sua curiosidade, apetite e interesse.
Mas esse é apenas um dos métodos e as mamães e os papais podem escolher qual seguir juntamente com o(a) pediatra.
Entre 7 e 8 meses de idade:
Nessa idade a criança já deve receber quatro refeições, sendo elas, almoço, jantar e dois lanches contendo fruta. Porém, o leite materno deve ser oferecido entre as refeições e continua sendo o principal alimento da criança.
Entre 9 e 11 meses de idade:
Os tipos de refeições continuam os mesmos e a criança deve continuar a receber o leite materno quando desejar. Porém, o mais importante é variar os alimentos e experimentar novas formas de preparo.
Nessa faixa etária, a criança já pode receber os alimentos na mesma consistência dos alimentos da família exceto os alimentos industrializados, gordurosos e com excesso de sal. A água, filtrada ou fervida, pode ser introduzida nos intervalos das refeições.
Após 12 meses de idade:
Grandes mudanças ocorrem a partir de um ano de idade. Uma delas é a redução da velocidade do ganho de peso.
Além do leite materno, a criança deve receber cinco refeições: desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar.
A água, filtrada ou fervida, pode ser introduzida nos intervalos das refeições.
Após 24 meses:
Ao completar dois anos de idade, a criança começa a se socializar mais, comunica com mais facilidade suas preferências, aprofunda a relação afetiva com a alimentação e vivencia novas experiências.
A velocidade de crescimento é menor do que nos dois primeiros anos de vida e só volta a acelerar na adolescência. Por isso, é comum ocorrer certa diminuição de apetite. Nesta idade ela também começa a se interessar mais pelo que acontece no ambiente e se distrai brincando.
Como preparar as refeições?
É muito importante que a criança experimente novas texturas e sabores. Além de estimular a curiosidade pela alimentação, oferecer diferentes texturas auxilia no processo de aprender a mastigar.
Durante a rotina de preparo das refeições, os alimentos devem ser preparados especialmente para a criança. Devem ser bem cozidos com pouca água até ficarem bem macios. As carnes devem ser picadas em pedaços bem pequenos e separadas no prato.
Além disso, a alimentação deve ser variada. É recomendado que sejam oferecidas diferentes opções a cada dia, alternando os alimentos de cada grupo alimentar.
E se a criança recusar a alimentação?
Algumas crianças podem recusar determinados alimentos no início, o que é normal, pois trata-se de uma experiência nova para elas. Contudo, é importante que o alimento seja oferecido novamente em outra ocasião.
Aqui aquela máxima do exemplo prevalece. Tenha em mente que a aceitação de legumes, verduras e outros alimentos do tipo pela criança tem relação direta com o consumo desses alimentos pela família.
Quando a criança não estiver com fome, não é preciso insistir ou utilizar recompensas ou castigos para que ela coma. Se a criança é constantemente forçada a comer, ela vai perdendo gradativamente sua percepção de saciedade, levando a um risco aumentado para desenvolvimento de excesso de peso e obesidade.
Por que oferecer frutas ao invés de sucos de frutas para o bebê?
Algumas razões justificam dar às crianças a fruta em pedaços ao invés de sucos de frutas:
- Ao mastigar uma fruta, a criança exercita a musculatura da boca e do rosto e pode sentir a textura da fruta.
- Se o suco for coado, há redução das fibras da fruta que previnem a constipação intestinal (prisão de ventre ou intestino preso).
- O consumo de suco em horário próximo à refeição pode deixar a criança satisfeita e fazer com que ela diminua o consumo dos outros alimentos.
- Quando a criança se habitua a tomar suco para matar a sede, ela pode ter dificuldade em beber água pura.
Importante: Não recomenda-se oferecer sucos de frutas para crianças menores de 1 ano. Entre 1 e 3 anos de idade, caso necessário, pode-se oferecer até 120ml de suco de frutas sem adição de açúcar.
Que alimentos não devem ser oferecidos às crianças?
Apesar de ser uma fase onde é importante testar coisas novas, é importante saber também o que não fazer durante a introdução alimentar.
A criança está em uma fase de experimentar e conhecer novos alimentos e adquirir esses hábitos. Por isso, é fundamental que ela se adapte o quanto antes com uma alimentação saudável, rica em nutrientes importantes para o seu crescimento e desenvolvimento.
Confira alguns alimentos que não devem ser oferecidos às crianças:
- Alimentos industrializados e gordurosos
- Excesso de sal
- bebidas lácteas com corantes
- Macarrão instantâneo
- Salgadinhos, refrigerantes e frituras
- Cafés e chás
- Alimentos embutidos, enlatados
- Açúcar e doces açucarados
Conclusão
A introdução alimentar deve ser vista como mais um momento de carinho, cuidado e desenvolvimento do bebê.
É fundamental que uma alimentação saudável e rica em nutrientes seja introduzida desde o início, que é quando as crianças começam a criar hábitos e rotinas. Assim seu filho irá crescer com todos os nutrientes necessários para o pleno desenvolvimento.
Referências
Educação alimentar - Ministério da Educação
Princípios e práticas para educação alimentar e nutricional
Guia alimentar para crianças menores de 2 anos
Guia descomplicado da Alimentação Infantil. Fisberg, Mauro
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