Já estamos todos familiarizados com as manchetes sobre a COVID-19 e a gripe, mas há um terceiro vírus menos conhecido e especialmente difícil de lidar quando infecta crianças, compartilhando os holofotes.
O vírus sincicial respiratório, ou apenas VSR (sin-SISH-uhl), é uma doença que geralmente causa sintomas semelhantes aos do resfriado, mas pode se tornar grave dependendo da idade e da força do sistema imunológico da pessoa infectada.
Em um ano típico, os casos de VSR seguem a mesma linha do tempo da gripe, começando no outono e permanecendo durante os meses mais frios, quando geralmente estamos juntos em ambientes fechados.
Porém, nos últimos anos o vírus também fez uma aparição incomum no início do verão, intrigando a comunidade médica. O aumento recente dos casos de VSR e a proporção de crianças afetadas deixaram muitos pais com mais perguntas do que respostas.
O que é esse vírus? Meu filho está em risco? Vamos responder perguntas como essa nesse post!
O que é o vírus sincicial respiratório (VSR)?
O VRS é um vírus comum que afeta os pulmões e o trato respiratório. A maioria das pessoas apresenta sintomas menores, semelhantes aos do resfriado, e se recupera por conta própria com repouso e antitérmicos.
Geralmente afeta bebês e crianças pequenas, e é por isso que costuma ser conhecido como uma doença infantil. Quase todas as crianças já terão tido contato com o VSR até o segundo ano de vida, sendo potencialmente mais grave entre os prematuros, pessoas com problemas cardíacos ou pulmonares, imunodeprimidos e adultos com mais de 65 anos.
Por que bebês e crianças pequenas são os mais vulneráveis aos vírus respiratórios?
Os vírus respiratórios estimulam a produção de muco. O muco contém anticorpos e enzimas para limpar as vias aéreas e, embora seja útil para neutralizar as partículas virais e limpar as células mortas, pode ser muito difícil para bebês ou crianças pequenas limparem devido às suas minúsculas vias aéreas.
Juntamente com a diminuição da imunidade materna por volta dos 6 meses e a falta de um sistema imunológico totalmente desenvolvido até mais tarde na vida, crianças e bebês são especialmente suscetíveis à infecção.
O que está causando o aumento mais recente nos casos de VSR?
Durante a pandemia, todas as medidas que nos protegeram de contrair o COVID-19 – como o distanciamento físico, a lavagem das mãos e o uso de máscaras – também nos protegeram da grande variedade de outros vírus respiratórios, como influenza e o vírus sincicial respiratório (VSR).
Essas medidas deixaram uma “lacuna de imunidade”, onde a população normalmente teria desenvolvido alguma imunidade após a exposição ao VSR. Como consequência, levou ao aumento do número de casos que estamos vendo.
Essas medidas não apenas tiveram um grande impacto na transmissão do VSR em todo o mundo, mas também afetaram sua sazonalidade – nota-se o aumento recente do número de casos durante a primavera e o verão.
Como o vírus sincicial respiratório é transmitido?
O VSR é transmitido através do contato com alguém infectado. Quando a pessoa doente tosse ou espirra, pequenas partículas do vírus são transportadas pelo ar e podem entrar em seu corpo pela boca, nariz ou olhos. Ele também pode viver em superfícies por horas, o que propicia a sua disseminação.
O VSR é muito contagioso, especialmente durante a semana em que a pessoa infectada apresenta sintomas. Inclusive, é possível que algumas pessoas permaneçam contagiosas por até quatro semanas.
Quais são os sintomas causados pela infecção pelo vírus sincicial respiratório?
Os sintomas do VSR podem começar de 2 a 8 dias após a exposição a uma pessoa doente e geralmente duram menos de uma semana. A maioria das pessoas se recupera totalmente em 1 a 2 semanas. Os sintomas podem incluir:
- Dor de cabeça e na garganta;
- Febre com temperatura baixa;
- Espirro;
- Secreção no nariz;
- Tosse seca.
Casos graves de VSR podem levar a condições mais perigosas, incluindo bronquiolite (inflamação das pequenas vias aéreas nos pulmões) e pneumonia (infecção dos pulmões). Os sintomas graves incluem:
- Dificuldade em respirar – respirações curtas, superficiais ou rápidas
- Batimento de asas do nariz;
- Chiado no peito;
- Febre com temperatura alta;
- Perda de apetite;
- Tosse em excesso;
- Coloração azulada da pele, lábios ou unhas;
- Tosse forte e persistente;
- Sonolência excessiva.
Como é feito o diagnóstico da infecção pelo vírus sincicial respiratório?
Na maioria dos casos leves, os sintomas podem ser indistinguíveis de um resfriado comum, e o médico pode sugerir a infecção por um vírus respiratório a partir dos sinais e sintomas, porém sem a necessidade de exames laboratoriais.
Porém em casos mais graves e a fim de distinguir de outras doenças o médico pode precisar solicitar exame de sangue, radiografia de tórax e ainda o exame Painel 4 vírus respiratórios que detecta se a pessoa está infectada com COVID-19, Influenza A, Influenza B ou VSR.
O que diferencia o VSR de outros vírus respiratórios?
VSR, COVID-19 e influenza (a gripe sazonal) são todos vírus respiratórios com sintomas sobrepostos.
VSR x COVID-19
VSR e COVID-19 podem ser difíceis de distinguir porque têm vários sintomas respiratórios em comum, incluindo tosse, falta de ar, dor de garganta, febre, dor de cabeça, fadiga e coriza.
Mas as pessoas com VSR normalmente não apresentam perda repentina de paladar ou olfato, ou sintomas gastrointestinais de diarreia, náusea ou vômito que podem ocorrer (especialmente entre crianças) com COVID-19.
VSR x Gripe (influenza)
O VSR e a gripe também compartilham sintomas sobrepostos – incluindo tosse, dor de garganta, febre, dor de cabeça, fadiga e coriza – tornando difícil saber com qual vírus você está lidando.
Uma diferença fundamental entre os dois é que os sintomas da gripe geralmente aparecem repentinamente, enquanto os sintomas do VSR ocorrem mais gradualmente. Além disso, como o COVID-19, é comum que algumas pessoas com gripe tenham desconforto gastrointestinal, como diarreia, náusea ou vômito. Esses sintomas não são vistos com frequência em crianças ou adultos com VSR.
Tratamento para VSR
Embora ainda não exista um tratamento para casos leves a moderados de VSR, a maioria das pessoas se recupera sozinha em uma ou duas semanas.
O tratamento é feito com medidas gerais de suporte conforme recomendações para tratar um resfriado comum, como controle sintomático, como antitérmicos em caso de febre, e medidas para desobstrução nasal, como a lavagem nasal e repouso.
Em alguns casos, podem estar indicados broncodilatadores e nebulização com soro, conforme orientação médica.
Para casos graves que requerem hospitalização, os médicos podem fornecer oxigênio e medicações venosas, bem como medicamentos ou procedimentos para ajudar a abrir as vias aéreas.
É possível reduzir a hospitalização entre crianças em casos de VSR?
Para evitar a hospitalização de crianças de até 2 anos com risco de sintomas graves, um medicamento que comumente é indicado é o palivizumabe, que possui anticorpos “prontos” que induzem a defesa do corpo contra casos graves causados por esse vírus em específico. Mas não se esqueça de consultar seu médico de confiança para verificar caso a caso, combinado?
Existe vacina para o vírus sincicial respiratório?
Infelizmente, ainda não existe uma vacina que ajude a prevenir o VSR, mas os cientistas estão trabalhando para desenvolver uma.
Como prevenir a infecção do vírus sincicial respiratório?
- Lave as mãos com frequência por pelo menos 20 segundos com água e sabão ou álcool 70%;
- Evite tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos;
- Cubra tosses e espirros com a parte interna do cotovelo;
- Prefira não ficar em locais fechados;
- Desinfete as superfícies;
- Recomenda-se um distanciamento social saudável.
Quando a criança infectada pelo vírus sincicial respiratório pode retornar ao convívio?
É recomendável que você ou seu filho fiquem em casa se tiverem febre e por pelo menos 24 horas após o desaparecimento da febre, sem a necessidade de medicamentos antitérmicos.
Além disso, os sintomas devem apresentar melhora antes do retorno à escola, creche ou outros ambientes de grupo.
É possível ser infectado pelo VSR mais de uma vez?
Sim, a pessoa pode ser infectada novamente, porém com sinais e sintomas menos graves.
Referências
Sociedade Brasileira de Pediatria
Portal Fiocruz
Ministério da Saúde
